sexta-feira, 29 de julho de 2011

Provável último abraço de mais uma pessoa que provavelmente nunca mais verei


Sou puxado pelo braço. Deixei-me ver de propósito.

- Vem, vamos comemorar!
Vejam só, a comemoração é a promoção de uma colega de trabalho e minha saída da empresa para uma melhor. Compramos três latas de cerveja ("- Você bebe, Felipe?", "- Bebo, sim") e nos sentamos a um canto sujo de cinzas de cigarro e mijo de mendigos. Tudo bem.
Relatam suas primeiras e segundas e demais impressões dos colegas de trabalho e da empresa durante o tempo que viram passar. Ouço. Minha cerveja foi em um minuto; as delas, leva tempo. Mas não quero tomar mais.
Passado algum tempo, nos levantamos. Esqueço minha latinha lá, aliás; só me lembrarei disso depois. Enfim, levantamos-nos e vamos ao metrô.
- Mas a gente vai se falando, é claro. A menos que suba pra cabeça.
- Como assim?
- É porque todos que saem dizem isso: vamos nos ver, vamos manter contato, blablablá. Mas passa algum tempo e somem.
- Pois é. A gente se fala, então.
Sorrisos de velhos amigos. É sempre assim mesmo, eu sei, ela sabe, todos sabemos; dizer aquilo foi mera formalidade, como fora com vários antigos amigos de todos nós, para os quais dissemos ou ouvimos essa mesma conversa sobre "que seja diferente do que sempre acontece".
O que é provável, mesmo, é que nunca mais a verei na vida.
Abraçamos-nos brevemente, como amigos que se viriam logo na manhã seguinte.
- Tchau, Felipe, e pode deixar, viu: tenho o telefone lá do escritório, e vou ligar pra gente se ver, combinar de dar umas voltas!
- Hehehe, tá certo. Até mais, e que dê tudo certo pra você no cargo novo!

Adeus!

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