Tenho vontade de transformar cada
objeto em relíquia de nosso amor, e mesmo esta correntinha, que você
sempre me corrige dizendo "cordãozinho!", já penso em guardar para
não perder na rua algum dia; com seu shortinho quero envolver um saquinho de
sabonete de lembrancinha de casamento e deixar sempre no armário; penso em
roubar seu brinco sem par feito de continhas em dois cordões e colocar na
cabeceira da cama e vê-lo antes de ir e depois de vir dos sonhos; as páginas de
sua agenda em que você escreveu amores por mim em cada linha, emoldurá-las;
pendurar voador o tsuru feito com folha de rascunho de escritório no teto; ah,
tantas preciosidades...
E mais, e que é maior: cada
instante que vivi com você, e especialmente aqueles em que estivemos a sós,
sendo nossas próprias e únicas testemunhas, recortes de tempo desconhecidos por
todos e tudo; queria tê-los ali, todos esses momentos ao alcance de um toque no
controle de vídeo, numa memória externa inescapável, menos corruptível que
minha própria memória, tão humana e falha que já não lembro alguns detalhes
incríveis destes últimos meses.
Então eu queria outra vida: esta
para viver loucamente com você, outra para relembrar todas as coisas, parando e
voltando e vendo alguns momentos mais devagar; então agora queria outras vidas
sem conta para viver loucamente tudo de novo, e relembrar, e viver, e lembrar,
e reviver, até minha consciência, tão expandida em lembranças e sentimentos de
vidas mil, se romper, explodir e se abrir na plenitude da luz de todas as
estrelas.
Caramba, que declaração.
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