A noção de "valores" se virtualizou. Todos sabem o
que é ética, respeito etc.; aceita-se o contrário de todos eles, entretanto,
com apenas pasmo e trejeitos de suposta repulsa, mas... este é o fim do
espanto. Levamos a revolta como quem veste, num dia ensolarado, uma blusa que,
ainda que não nos faça suar de tão quente, incomoda. Constantemente, desde as
margens de minha memória, ouço minha avó dizer que "Todo político é
corrupto, em qualquer lugar do mundo" e que "É cada desastre que a
gente vê... isso é a natureza revoltada com o ser humano. O ser humano judia, e
a natureza se revolta", e ouço dizer que Fulano comprou mansão com
dinheiro público, Sicrano viaja a passeio com dinheiro público, Beltranos
envolvidos em escândalos e nepotismos. E todo mundo comenta, e fala, e xinga, e
petisca uma carninha com farofa no quintal, e tudo bem, sempre foi assim, e
sempre será. Essa indignação passiva está morrendo com cada avó, e
inconscientemente estamos aprendendo que isso é algo natural. Não é!
Oportunamente, segundo Norma: submissão ou soberania em relação à naturalização da escravidão voluntária?
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