domingo, 14 de julho de 2013

Ibirapuera

     Só depois de idos quatro ou cinco anos é que voltei ao Ibirapuera, desta vez sem trepadas em árvores nem nada além de andar de bicicleta e patins, sem ônibus indo pro Jabaquara, sem registros fotográficos de meus desequilíbrios de ciclista incipiente, nem do trajeto, nada também de nós agachados como em time de futebol americano; só pedal, pedal, voltas grandes pelo parque, e desta vez andei melhor, tinha de ver só. Talvez se desde criança tivesse eu andado sempre muito de bicicleta, poderia ser melhor que a média no pedalar; sinto-me tão à vontade lá sobre as duas rodas, e foi tão somente uma dezena de vezes que me arrisquei.
     Mas o que de fato importa é que o preço do aluguel de bicicletas aumentou muito desta meia década para cá, olha, te contar, mesmo assim fui rodar por duas horas e fiz bem, gostei, irei mais vezes, mas sem fotos, não as quero sem aquela seriedade que fazíamos sempre em pose de dupla, em vários lugares; mas você sempre ria e quebrava o clima da foto, só que ia aquela foto mesmo pro baú das lembranças e dane-se, era melhor assim, sempre melhor assim.
     Mas de fato importa mesmo é outra coisa, bem que logo vi que nada representava o preço do aluguel na ordem das importâncias, foi tudo tergiversação, eu só queria era um tempo vertido em texto para precisar o que me faltou no parque desta vez, e foi a graça de você de bicicleta ter batido na menina anônima igualmente ciclando e de terem rido caídas no chão, eu sem saber o que fazer; também sua imitação do barulho da passagem de um veículo veloz cortando o vento quando depois eu quis treinar curvas, e o contemplar pueril sobre a pontezinha arqueada dos peixes disparando para os farelos de pão jogados, e eu subindo em árvore só para você ver que eu gostava de subir em árvore, e o tapete bege de folhas secas que farfalhava aos passos nossos e que eu dizia esconder cocô de cachorro só para me divertir imenso e te cansar a beleza infindável.

2 comentários:

  1. Sensacional Fe! Beijao e me chame para a proxima pedalada (real ou imaginaria, ou talvez tornando a imaginaria real)

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