Que lindo! O céu da noite, estrelado, permeado por algumas nuvens algodoadas, brilhava, cheio de breves halos dos pontos de luz. A noite era fresca, e o alto vento soprava os flocos de nuvem para sudoeste. Alguns, deitados na relva e fitando o céu, poderiam se perder por horas em devaneios...
O globo girava... as nuvens passavam... a brisa toca... o pensamento flui.
De repente, fatiando a abóbada celeste de uma ponta a outra, surge, por entre um bloco de nuvens - e delas puxando um pequeno rastro - um avião.
- Que incrível é a imaginação. Posso fazer disso o que eu quiser. Se eu deixar a imaginação vagar, posso fazer de conta que esse avião se parece com... hm... com...
O avião não se parece com nada. A ideia era que ele se parecesse, naquela oportunidade, aos olhos do observador, com uma águia, falcão, andorinha, pomba, qualquer ave. Mas... uma droga de um avião só se parece com outros aviões e mais nada. Nenhum animal fica voando e emitindo luzes coloridas das pontas das asas, nem fazendo uma barulheira infernal, e nem mantendo tão rígido o corpo. A urbanização destrói todas as fantasias. Só de pensar que não é só por aqui, no meio da cidade, que passam os aviões, já me apavoro. Por mais que eu procure os campos, corro o risco de ter interrompidos os meus sonhos pela turbulência de um avião. Máquina do homem. Serve para todos os propósitos práticos maravilhosamente bem, mas macula a paisagem e, doravante, o pensamento de quem aprecia um céu limpo de "progresso humano".
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