Quando ela me beijou pela primeira vez, eu já sabia que ela amava mais de uma pessoa... eu já sabia que ela beijaria cem bocas... eu já sabia, mas a maré do mar da minha abstração interior ainda era baixa; eu não tinha nada, só o germe das dores que eu cultivei e espalhei, mas ela, ela já tinha um pé em outro mundo... e aquele brilho que eu achei que era do poste refletido nos olhos dela era, na verdade, o sol que só ela conhecia, brilhando no futuro... eu ainda não conhecia o café que eu iria lhe preparar em inúmeras manhãs, nem a musiquinha que ela cantava com voz tão linda no chuveiro, nem a palminha que ela bate quando está toda feliz e rodopios... eu não tinha nada, e ela tinha tanto... e eu ainda não sabia o gosto que as lágrimas dela teriam... e às vezes me dói tanto quando eu não sinto que na verdade ainda há tempo e tudo e tanto e vida e sorriso... e um abraço apertado apertado apertado, quente e forte, que carrega qualquer muro...
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