Cortei o cadeado e roubei minha propria bike, igual fizeram com uma outra há anos, e só por isso pude roubar a minha hoje, porque a outra me protegeu. Foi 40 em cada roda e acho que era isso. Pelo menos até agora não explodiu. Saí bem pelas descidas, fazia tempo, mas ainda é aquilo, nunca se esquece. Mas mesmo assim ainda vem vindo a Rebouças pra sempre. Será que agora eu morro? Nunca morri, por que ia morrer agora? Nunca um capacete. Preguiça e confianca, é assim que vai embora a maioria... espero que eu não, não...
Bom, não fui embora. Só no tempo. Morro da coruja, te falo que você não mudou nada em 3 anos e ninguém acredita, mas eu falo: a mesma luz, da mesma direção, fraca e laranja, o mesmo prédio estranho. Tem um reator nuclear lá, eu acho, por isso que é estranho e tem fantasma, dois cientistas morreram dissolvidos em titânio em estado gasoso, por isso lá dá essa impressão meio bizarra; mas se ficar só no banquinho da praça não pega nada.
Depois logo saí rodando porque, tá doido, lá tem fantasma e não adianta eu ser cético não, lá morreu gente e é escuro com umas luzes estranhas. Saí rodando veloz e desci pra avenida buscando a segurança de onde eu conheço bem, do reto e grande, do prédio que eu acho que é vermelho mas não tenho tanta certeza, na moral.
Sabe, tem uns fantasmas que quase não me largam. Mas eu, também, fico chamando eles do além só pra me doer, não sei por que faço isso. Aí é óbvio que eles vêm mesmo. Mas hoje eu chamei um e coloquei fogo nele, e agora ele vai ter que assombrar junto com os dois cientistas e a estudante de Química que também morreu por lá, diz que foram causas desconhecidas. Mas meu fantasma foi cremado. Deixei ele lá num dos lugares de guardar mangueira de incêndio. Esse não me atrapalha mais.
Saí rodando.
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