Como compensar tanta dor que o mundo nos causa?
Definitivamente não é oferecer flores a soldados. Não é pelo amor.
É tomar-lhes as armas e destruir a Casa Grande. É através do ódio.
Amor eu uso para outras finalidades. Amor eu tenho pela minha companheira e pelos meus irmãos de classe. Mesmo os que infelizmente agem contra si mesmos sem saber. Amor eu tenho por todos os trabalhadores, ainda vivos ou já mortos, de todos os tempos. Amor eu tenho pelos revolucionários que deram a vida pela teoria revolucionária. Amor eu tenho pela minha avó que morreu sem nunca observar a luta de classes por conta da televisão. Amor eu tenho pelos negros, pelas mulheres, pelos LGBTs, por todos os grupos vítimas de opressão, muitas vezes chamados de "minorias", mas que na verdade são a maioria da população. Amor eu tenho pelos esfomeados e pelos moradores de rua, crianças, jovens, adultos, velhos, de qualquer sexo, criminalizados por terem a audácia de permanecer vivos sendo miseráveis. Amor eu tenho pelos animais, todos eles, inclusive os que me servem de alimento, pela exploração absoluta e da qual nunca se darão conta. Amor eu tenho pelos grãos de areia da praia que me lembram que o universo é composto de partículas infinitamente pequenas e que Deus não existe e que somos apenas um amontoado do que restou de uma estrela que explodiu e morreu.
Por tudo isso eu tenho amor, pois o amor é que me aproxima dessas coisas, lugares, pessoas, animais. O amor constroi.
Mas somente esta é a função do amor.
O mais importante cabe a outro sentimento. Cabe ao ódio... porque o ódio é que transforma.
E eu não quero mais só a liberdade. Eu quero sangue. Quero vísceras espalhadas. Quero nossa vingança. Uma vingança que não é mais saciável. Nossa moral não é a deles. Irmã, irmão: não se iluda. Me dê sua mão. Se o que você quer é o amor, saiba que no fundo é o que eu quero também. Mas só pelo ódio todos finalmente serão livres para amar e não odiar mais. Marchemos juntos.
"Vai, encara, que nem o Rei Davi. Seu gigante vai cair, com só uma pedrada"
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