segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Um adeus simples

É preciso deixá-la ir.
Na verdade, é preciso afugentá-la.
Despeço-me com um poema,
se é que poema é isto que escrevo aqui sem rima nem régua,
se é que são versos estes últimos respiros da adolescência,
se, e apenas se, a academia me desculpar o incômodo de não servi-la nunca.
Despeço-me brevemente,
não mais aquela epopeia doce que eu te dava sempre,
mas um adeus simples e vulgar
- exceto pelo fato de que o chamo de poema,
e vocês são obrigados a aceitar que isto é um poema,
apesar de eu rejeitar a poesia e sua métrica e sua desmétrica.

Então vão embora, cartas, fotos, vídeos, textos, senhas e lamentos;
sumam ao passo que eu os veja,
voem para além da lembrança e se apaguem a 600 quilômetros de distância à beira do mar.

Não preciso desta dor
Estou de mudança
Nesta casa não mais vou viver.

Era tudo apenas um devaneio de um rapaz com tempo para uma morte lenta, rara e elegante.

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